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A história da música "Comitiva Esperança": 90 dias, 90 bailes e um retrato do dia a dia dos pantaneiros

Documentário Comitiva Esperança está completando 40 anos em 2023

Por Antonio Neres em 16/05/2023 às 10:11:47

ROZEMBERGUE MARQUES *

2023 marca o "aniversário" de 40 anos do documentário Comitiva Esperança, uma viagem musical feita pelos músicos Almir Sater, Paulo Simões e Zé Gomes (in memorian) pelo Pantanal. Nesta reportagem especial, o Midia MS Digital Ativo traz detalhes sobre essa viagem de muita música, muitos causos, alguns perrengues e um retrato fiel do dia a dia dos pantaneiros.


"Comitiva Esperança: uma viagem ao interior do Pantanal" surgiu de um desafio. Estavam Paulinho, Almir e Zé Gomes na fazenda de um amigo, na região da Nhecolândia, tmando tereré e conversando sobre o Pantanal e suas maravilhas. Com o ar bonachão dos pantaneiros, o proprietário da fazenda disse que o trio só conheceria realmente aquela região acompanhando uma comitiva boiadeira. E acrescentou: "Só vale se viajarem como eles, em lombo de burro". Esse trecho da conversa inclusive foi incluído na letra de "Estradeiro": "Em carro de boi, litorina e lombo de burro baguá...". Almir perguntou se ele emprestaria uns burros, que eles fariam a viagem.Mais: fariam a sua própria comitiva. Ele concordou, em clima de aposta e não botando muita fé na conversa dos três cabeludos.


Daquela conversa na roda de tereré a idéia foi tomando forma e acabou virando projeto, financiado pelo Governo do Estado, via Fundação de Cultura: ver o Pantanal pelo prisma dos seus habitantes, adotando seus meios de transporte históricos: mula, cavalo, carro de boi e barco. Ao trio juntou-se os cineastas Wagner Carvalho e Walter Rogério e o jornalista, crítico e pesquisador Zuza Homem de Mello, além do fotógrafo Raimundo Alves Filho e entre novembro de 1983 e fevereiro de 1984 a comitiva se pôs na estrada, percorrendo o Paiaguás, Nhecolândia, Piquiri, São Lourenço e Abobral. Ouvindo moradores, peões de comitiva, trovadores e mascates, dentre outos, em momentos festivos. Retribuíam a boa acolhida e os pousos nas fazendas tocando.


Segundo Almir foram 90 bailes, exatamente os dias de da viagem, na qual, além de "Estradeiro", resultaram a antológica "Comitiva Esperança" (que conta as aventuras do trio durante a viagem) e "Capim de Ribanceira" e muitos instrumentais. E, claro, muitos causos. Conhecido nacionalmente, o documentário faz parte do acervo do Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo. Das cenas registradas no documentário, o Pantanal não mudou muito. Em um lugar onde não existe fome, como lá, as pessoas são felizes, recebem bem os viajantes (que são uma novidade) e Almir de vez em quando (o cantor possui uma fazenda na região, mas reside de fato em São Paulo) tira uns dias para dividir com os pássaros e outros bichos e com o som muito próprio das matas os acordes das suas violas. Bom de prosa, também de vez em quando recebe vistas ilustres, como o governador Eduardo Riedel, que lá esteve há cerca de 20 dias atrás.

* Jornalista e Violeiro

Fonte: Redação MS WEB RADIO/ Jornalista Rozembergue Marques - Fotos: Acervo da Fundação de Cultura, Amigos

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