UNIGRAN

Museu Histórico de Dourados completa 46 anos 5.00 relíquias e em busca de espaço adequado

Transferência do Museu para um local apropriado no que tange a climatização e espaço garantiria integridade das peças

Por Antonio Neres/ Rozembergue Marques em 29/05/2023 às 11:20:47

Por ROZEMBERGUE MARQUES*


O Brasil possui mais de 3.700 museus, sendo 65 públicos e 456 privados, somados os museus de arte, zootecnia, arqueologia ou história. Nesse universo de memórias na forma de objetos, indumentárias, animais empalhados, pedaços ou peças inteiras de animais sedimentados em rochas, papéis e instrumentais de trabalho, dentre outros itens, temos o Museu histórico de Dourados, criado pelo Decreto nº 102, de 19 de dezembro de 1977, com a finalidade de promover a preservação e a valorização do patrimônio histórico do município.

Além de preservar a história, o Museu cumpre um papel muito importante, que é contribuir para que o visitante tenha um contato com a sua própria história e com a sua identidade, seus vieses de ligações familiares com a história, através das imagens, fotos e objetos ali expostos. Os estudos sobre museologia mostram que esses espaços (os Museus) tem essa função maior, que é oportunizar o conceito de identidade. As pessoas da cidade se tornam unidas por laços como os antepassados, um lugar, um costume, ou hábitos. Esses referenciais são fundamentais para que os diversos tipos e estilos de mudanças e informações oferecidas a todo momento não façam com que as pessoas esqueçam quem são e de onde vêm.

Com a propriedade de quem está ligado ao Museu (fechado por conta da Pandemia) desde a sua criação, tendo sido inclusive seu diretor por muitos anos, o produtor cultural Ilson Venâncio já testemunhou, ao acompanhar os visitantes do local, essa percepção das pessoas ao verem uma ou outra peça do acervo. "As pessoas quando visitavam o museu sempre faziam narrativas de fatos, alguns por mim desconhecidos e geralmente muitos comentários extraídos dos livros de historiadores, e das pesquisas que fizeram sobre nossa história", relata. "É interessante observar a reação das pessoas: quando observando a história no simbolismo de cada peça do Museu vão encontrando personagens que fazem parte do seu cotidiano, como o nome da rua onde mora, escolas, praças, parentes ou conhecidos fazendo ele se identificar com a história da sua cidade. Isso faz com que eles encontrem o seu espaço na história e, portanto, a sua identidade com a cidade", prossegue Ilson, para o qual esse é o papel do museu histórico.

As crianças são exemplos dessa importância dos museus como formadores da identidade: quando surpreendidas com peças que remetem a personagens de sua família, outras do seu cotidiano, ruas, parques, escolas, bibliotecas, estalam os olhos e a cada vez que vão descobrindo nos personagens o nome do seu bairro, sua escola e da sua rua é perceptível a satisfação por viverem aquele momento de descoberta da relação que possuem com a cidade", acrescenta, ponderado que isso não seria possível sem a existência dessa fonte de conhecimento e História que são os museus.

O museu tem hoje, em média, 5.000 peças, entre objetos, fotos e documentos históricos. Tem, por exemplo, o terno usado por Weimar Torres em sua posse como deputado federal; Moedas antigas, que agradam muito a criançada; fotos de pioneiros como Vlademiro do Amaral; o busto de Antônio João, herói da Guerra do Paraguai, que é uma escultura sem os braços feita de bronze e uma peça que causa bastante interesse: o Projetor do antigo Cine Ouro Verde.

O Museu Histórico diz muito sobre a identidade de quem vive aqui por nascimento ou "adoção", vez que a cidade sempre recebeu diversas gentes de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Norte, dentre outros lugares, que ao trazer a cultura de seus lugares contribuiu para o ecletismo que temos hoje e que está retratado em diversas peças do acervo do Museu. Em cada peça, uma história. Em cada história, uma ou várias pessoas que contribuíram para a construção da identidade de Dourados. Um desafio é a preservação dessas peças e uma das alternativas sugeridas por Ilson Venâncio é a transferência do Museu para um local apropriado no que tange a climatização e espaço, de forma garantir que peças em papel ou outro material mais sensível resistam a mofo e outros problemas que podem comprometer as peças.


*Jornalista e violeiro

Fonte: Redação MS WEB RADIO/Rozembergue Marques

Comunicar erro
MODELO
UCP TOPO
MASTERS
SICOOB